sábado, 26 de abril de 2008

Panoias


Aqui me tens,

Gaius Calpurnius Rufinus,

Nas Fragas de Panóias.

Venho em sacrifício

À divindade principal

Dos deuses do Inferno,

O Altíssimo Serápis.

Grande Gaius,

Alivio-me do corpo terreno

Alcançando o espírito

Em êxtase!

Bebei o meu sangue,

Comungai de mim

Purificai-vos através

Das minhas entranhas incineradas.

Deixo este mundo

Pela tua mão, pela tua espada,

Gaius,

Que me tomas a jugular

Com doçura.

Caio em teus braços,

Gaius.

O meu último desejo carnal

É o teu beijo

À beira da talha.

E logo morro.

Nasço agora nas Fragas de Panóias.

Permaneço.



Ana Marques

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