Modesto Navarro (n. 1942)
Tendo iniciado a sua carreira literária nos anos 60, Modesto Navarro publicou já dezenas de títulos no campo da ficção e vários estudos e ensaios de carácter sociológico. Oriundo de Trás-os-Montes, a sua obra reflecte frequentemente uma vivência transmontana nos enredos e nos espaços de acção.
Utilizou ainda o pseudónimo Artur Cortez para assinar os policiais Morte no Tejo (1982), A Morte dos Anjos (1983) e A Morte do Artista (1984).
De Seis Mulheres na Madrugada transcrevem-se dois parágrafos:
"Por que contava tudo isso a outro homem, um desconhecido, deitada na cama? A parede desaparecera e agora via o mar, o violento mar da costa, eles sentados no paredão, os barcos a passar em fila, petroleiros e de pesca, ali mesmo à mão; bastava estenderem o braço e furavam as vagas enormes.
Nessa altura, ele pôs-lhe a mão no corpo; não se lembra se foi na perna, carne bastante dura, incólume depois de tantas violências. Sentiu isso, o homem, e resolveu beijá-la depois de lhe dizer o que ia fazer, e foi assim, sentindo os lábios, uma parte do seu corpo, do corpo de ambos, a mais desejada. Entre a cor dos olhos dela e a água quase não havia diferença. O mar estava particularmente triste, na tarde sobressaltada, e os círculos à volta dos olhos ficavam enquadrados na massa escura, misturando-se o verde do centro com os ténues revérberos de sol na água."
Tendo iniciado a sua carreira literária nos anos 60, Modesto Navarro publicou já dezenas de títulos no campo da ficção e vários estudos e ensaios de carácter sociológico. Oriundo de Trás-os-Montes, a sua obra reflecte frequentemente uma vivência transmontana nos enredos e nos espaços de acção.
Utilizou ainda o pseudónimo Artur Cortez para assinar os policiais Morte no Tejo (1982), A Morte dos Anjos (1983) e A Morte do Artista (1984).
De Seis Mulheres na Madrugada transcrevem-se dois parágrafos:
"Por que contava tudo isso a outro homem, um desconhecido, deitada na cama? A parede desaparecera e agora via o mar, o violento mar da costa, eles sentados no paredão, os barcos a passar em fila, petroleiros e de pesca, ali mesmo à mão; bastava estenderem o braço e furavam as vagas enormes.
Nessa altura, ele pôs-lhe a mão no corpo; não se lembra se foi na perna, carne bastante dura, incólume depois de tantas violências. Sentiu isso, o homem, e resolveu beijá-la depois de lhe dizer o que ia fazer, e foi assim, sentindo os lábios, uma parte do seu corpo, do corpo de ambos, a mais desejada. Entre a cor dos olhos dela e a água quase não havia diferença. O mar estava particularmente triste, na tarde sobressaltada, e os círculos à volta dos olhos ficavam enquadrados na massa escura, misturando-se o verde do centro com os ténues revérberos de sol na água."
Sem comentários:
Enviar um comentário