quarta-feira, 6 de junho de 2007

SERRA DO ALVÂO


Maciço montanhoso conhecido por vezes por este nome talvez se deva considerar senão um prolongamento da Serra do Marão, pois na realidade, entre os dois não existe, em rigor, nenhuma separação de natureza hipsométrica, nem geológica.
A afirmação que por vezes se tem feito, de que uma é de natureza xistosa e outra granítica não se confirma com o exame directo da serrania. O que se poderá dizer é que o bloco meridional, ou Marão propriamente dito, apresenta, na sua zona culminante e nuclear, um possante afloramento silúrico; mas não é lícito asseverar que o seu prolongamento setentrional, designado e apontado, uma vez ou outra, pelo nome de serra do Alvão, seja fundamentalmente de natureza granítica, pois nesse complexo prolongamento há frequentes e extensas manchas de xisto. O que se pode dizer é que esse prolongamento de montanha apresenta uma acentuada fisionomia planáltica, muito mais propícia que o núcleo silúrico, à vida pastoril e até à actividade agrícola. Por isso, decerto, aí abundam os vestígios da vida pré-histórica, infelizmente barbaramente mal tratados e muitos quase destruídos pelos pastores, caçadores e cultivadores dessas alturas.

No extenso planalto de Carrazedo do Alvão ainda existem algumas construções dolménicas: uma na Chã das Arcas, outra no plaino da Lixa do Alvão, outra ainda junto da aldeia isolada e paupérrima de Tavandeiras, a pouca distância do extremo norte da serra, no Minheu.

Nos fins do século passado (séc. XIX) e princípio do corrente (séc. XX), a serra foi, nessas zonas planálticas, persistentemente vistoriada por dois sacerdotes de vocação arquiológica, os padres Rafael Rodrigues e José Brenha, que tentaram inventariar, interpretar e defender muitas inscrições rupestres, alfabetiformes ou simbólicas, amuletos e ferramentas. Algumas dessas pedras, ricas de inscrições rupestres, possivelmente significativas, foram transferidas para o Museu Arqueológico da Universidade do Porto, onde foram objecto de aprofundado estudo dos arqueólogos Rocha Peixoto e Ricardo Severo.

Fonte:
“Guia de Portugal, Trás-os-Montes e Alto Douro I – Vila Real, Chaves e Barroso”, Fundação Calouste Gulbenkian.
“Dolmens e Antas no Concelho de Vila Pouca de Aguiar”, Padre Brenha.

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