segunda-feira, 29 de outubro de 2007

JUSTES


O povoamento de Justes é antiquíssimo, face aos vestígios arqueológicos encontrados no seu termo, alguns dos quais nos remetem para a Pré-História.

HISTÓRIA
No dizer do Padre João Costa “estes instrumentos líticos, na eloquência da sua linguagem muda, dizem-nos que há cerca de 4000 anos esta região era habitada por homens que trabalhavam primorosamente a pedra da qual faziam os seus artefactos”.
O topónimo «Justis» existe como «genitivo» suévico, facto que determina a existência do povoado,com este nome e como paróquia, no século VI.
Há notícias de Justes, na Idade Média, com a Carta de Povoamento (kartam de forum), datada de 1 de Agosto de 1222, reinava, então, D. Afonso II, outorgada, em Constantim, por D. Mendo, abade do Mosteiro de Pombeiro, e que foi concedida aos povoadores (vobis pobratoribus) e aos sucessores que a povoassem (Damus vobis et socessores vestros ipsam hereditatem ut populetis illam).
O documento incluiu “um conjunto de disposições de natureza jurídica destinadas a regular as relações dos membros de cada comunidade entre si e com o concelho em que permanece integrada” (José Marques). Ou seja, “aí se dispõem normas relativas aos direitos e obrigações dos moradores, as penas a infligir aos infractores da ordem pública em matérias tão graves como homicídio, furto ou violação e furto” (idem), além do pagamento dos impostos (1 quarteiro de pão cozido centeio, 1 quarteiro de cevada, 1 carneiro e 8 galinhas).
Os pagamentos aconteceriam nas datas tradicionais do Natal, Nossa Senhora da Assunção e pelo S. Miguel. A medida utilizada era a da feira de Constantim. Nesta Carta de Povoamento referiam-se ainda certos privilégios e isenções de serviço militar e do pagamento de certos impostos, como a lutuosa. A isto se junta a cláusula que prevê a hipótese de um povoador de Justes, caso não faça justiça a um dos seus vizinhos, perder não só a qualidade de vizinho, mas também os próprios bens, que reverteriam para a comunidade vicinal.
Esta Carta de Povoamento foi redigida por Martim Eanes, mandatado por Martim Martins, tabelião de Guimarães. Estes novos povoadores de Justes foram Pedro Fernandes e esposa, Maria Boa, Pedro Sobrinho e esposa, Maria Eanes, João Pires e esposa, Chama Gosendes, João Eanes e Maria Vasques, João Pires e esposa, Gontinha Garcia Meia Coirela e Bento Pires Meia Coirela. Estes podiam admitir mais três povoadores. Ou seja, este núcleo populacional era constituído por 6 fogos, a que se poderiam juntar mais três. Todos estes, em função da carta que lhes foi concedida, foram, na nossa opinião, os refundadores, já que a existência de vestígios arqueológicos confirmados indica que o local teve ocupação humana em períodos anteriores à fundação da nacionalidade e foi paróquia no século VI.

MONUMENTOS
Igreja Matriz
A igreja matriz (velha) é de invocação a Santa Maria Madalena .
A sua existência, como ermida, é referida no século XVIII, na Rellação de Vila Real. Em Memórias de Vila Real é descrita como capela “de bastante grandeza, e de reformada de novo, na qual está o Santíssimo Sacramento com a decência devida, donde se administra aos enfermos”.
Está referenciada no IPA com o nº 1714110019, dec. Nº 8/83, DR 19 de 24 de Janeiro de 1983.A fachada principal está voltada para a Rua das Fontes, no centro da povoação e rodeada por edifícios de habitação.
A planta é longitudinal, telhado de duas águas, de dois corpos delimitados: nave única e capela-mor mais alta. Exteriormente tem adossada uma torre sineira, rara nos templos da época, alinhada à fachada principal, com acesso por escadaria de granito à torre e ao coro-alto, com pilastras nos cunhais encimados por fogaréus, terminando em coruchéu piramidal, com cata-vento. Deste mesmo lado existe a sacristia rectangular. Os alçados são rebocados a branco.
FIGURAS ILUSTRES
Otílio Pallheiros de Carvalho Figueiredo – Nasceu em Justes, em Março de 1937, filho de Otílio de Figueiredo e de Maria Estela Palheiros Fontes. Fez aqui o ensino primário e o ensino secundário no Liceu Nacional de Camilo Castelo Branco, em Vila Real. Licenciou-se em Coimbra. Foi Assistente de Cirurgia na Faculdade de Medicina da universidade coimbrã, durante 7 anos. Exerceu o seu mester durante dois anos em Bragança, regressando, então, a Vila Real. Aqui foi médico-cirurgião de 1977 a 2003, aposentando-se neste último ano. De 1984 a 1990 foi Director de Serviços de Cirurgia, tendo sido, também, Presidente do Concelho de Administração. Em 2004, foi agraciado, pela Câmara Municipal de Vila Real, com a Medalha de Ouro de Mérito Municipal, por ocasião do 79º aniversário da elevação de Vila Real a cidade. Vive actualmente em Vila Real(...)
HISTÓRIAS E LENDAS
As Alminhas do Caminho Largo.
Certo dia, no fim da cava e após escurecer, tocavam as trindades, um homem ao regressar a casa depara, no caminho, um cordeiro. Pegando nele, carregou-o aos ombros e seguiu o seu caminho. Contudo, o cordeiro a cada passo que o homem dava, ia pesando sempre mais, até que o homem, cansado, se encosta à parede para aliviar as costas. Quando ia a pousar o cordeiro em cima do muro ouviu uma voz que lhe disse: “Põe-me devagar que me quebra a meija”. Aflito, o homem pede às alminhas que o socorram e o cordeiro, como por encanto, desapareceu. Em agradecimento, construiu as alminhas (segundo relato da drª Armanda Felícia)(...)

1 comentário:

Anónimo disse...

Que saudades, eu tenho dessa Capela em Justes. Será que ainda existe a enorme pedra a seu lado?
Bjs.