sábado, 17 de maio de 2008

FERNÃO DE MAGALHÃES



FERNÃO DE MAGALHÃES (1480?-1521)


ALGUMAS NOTAS BIOGRÁFICAS.


Nasceu em Sabrosa, Trás-os-Montes.

O feito.

Está entre as maiores figuras de navegadores no período dos descobrimentos.
Concebeu, preparou e realizou, em parte, a mais extraordinária das viagens então efectuadas: a primeira circum-navegação do globo terrestre. A sua armada saiu de Sevilha, atravessou o Atlântico rumo a Ocidente, ligou este com o Pacífico, sempre para Ocidente percorreu todo o Índico, ligou-o ao Atlântico e, por fim, aportou novamente em Sevilha.
A sua viagem provou, irrefutavelmente, a esfericidade da Terra e que, na repartição dos Continentes, as águas ocupam maior espaço do que a terra firme.

O Combatente.

Nasceu em Sabrosa por volta de 1480, era fidalgo de segundo plano, filho de Pedro de Magalhães. Foi para Lisboa aos 12 anos, onde foi pajem da rainha D. Leonor, esposa de D. João II. Aos 25 anos estava na armada de D. Francisco de Almeida, na Índia. Esteve em Quiloa e Sofala com este vice-rei. Em 1509 foi para Malaca e Sumatra. Naquela cidade salvou a vida ao seu amigo Francisco Serrão. Em 1511 ajudou D. Afonso de Albuquerque na conquista de Malaca. Por esta altura tentou chegar às Ilhas Molucas, mas um naufrágio impediu-o. Melhor sorte teve o seu amigo Serrão que ali desembarcou. Trocou correspondência com ele e ficou a saber que naquelas ilhas as especiarias eram mais abundantes e mais baratas.
Em 1513 regressa ao reino e foi para África, para ajudar na conquista de Azamor.
Desencontro com D. Manuel I de Portugal.


Em 1514 regressa a Lisboa e pede a D. Manuel I um aumento na sua moradia, devido
aos serviços relevantes prestados à Pátria. O rei nega-lho, devido a intrigas de inimigos.
Na audiência que lhe concede, o monarca, no fim, não lhe deu a mão a beijar. Este gesto era a desobrigação de obediência e sinal de que poderia ir servir outro senhor. Foi para a cidade do Porto, em Março de 1516 e associou-se a Rui Faleiro, bacharel em artes.

O acordo com Carlos V de Castela.

Em 20 de Julho de 1517 chegou a Sevilha. Em Dezembro, ele e Faleiro vão ao encontro de Carlos V. Informou o monarca Castelhano que de acordo com as suas observações e conteúdos das cartas do seu amigo Francisco Serrão vindas das Molucas,
estas eram ricas em especiarias e estavam dentro do hemisfério Castelhano, tendo em conta o Tratado de Tordesilhas. Em 22 de Março de 1518 é feito, por escrito, o acordo e contrato da viagem, que se propunha realizar, em 74 artigos.
O rei português quando soube, tudo fez, incluindo chantagem e até autorização deu para o seu assassinato. Carlos V presenteou-o e ao amigo Faleiro, com a comenda de Santiago. Deu-lhes ainda o título de governadores de todas as terras que descobrissem e a vintena dos lucros futuros. Mandou armar 5 navios e os portugueses foram nomeados capitães da armada, com poderes ilimitados e o soldo anual de 96.000 maravedis.

A saída para a circum-navegação.

No cais, Fernão de Magalhães deixou um filho de 6 meses e a esposa grávida.
No dia 20 de Setembro de 1519 a armada partiu de Sevilha em direcção às Canárias. Passou por Cabo Verde e chegou ao Brasil em 13 de Dezembro desse ano.
A 10 de Janeiro de 1520 estava no rio da Prata. No mês de Março, após tremendas
tempestades, como os companheiros quisessem desistir, Magalhães fez-lhes um rude discurso com ameaças para os revoltosos.

O estreito de Magalhães.

A 2 de Abril nova revolta. Nesta, exercendo os direitos concedidos pelo rei Castelhano,
prendeu e matou o capitão do navio “Santo António”. Em Agosto perderam um dos 5 navios. Após várias desgraças, desorientações e desânimos, a armada no dia 28 de Novembro de 1520 saiu de um labirinto de canais e terminava o estreito de cem léguas a que a História deu o nome do seu descobridor.


O encontro com a morte.

Entraram agora no grande Oceano. O mar era grosso mas calmo e o português deu-lhe o nome de “Pacífico”. Magalhães sabia a latitude das Molucas. Tinha que subir. A fome era muita e já se comia o couro dos mastros. O escorbuto atacava a tripulação.
A 6 de Março de 1521 chegaram às Ilhas Marianas e ainda nesse mês às Filipinas. A 7 de Abril chegaram à Ilha de Mactan. O soberano, Humabon, acolheu bem a armada e até fez um pacto de sangue com Magalhães. Prometeu fazer aí uma feitoria.
O caminho para a Índia, procurado por Colombo, por Ocidente, estava descoberto por Magalhães. As Molucas estavam perto, era só uma questão de mais algum tempo.
O rei da Ilha de Mactan, quando nada o fizesse prever, negou-se a pagar um tributo e Magalhães viu nessa atitude um desprestígio para a sua autoridade. Resolveu ir até terra a fim de o castigar, tendo os seus companheiros ficado nas pequenas chalupas.
Em 27 de Abril de 1521 morria Fernão de Magalhães às mãos de uma multidão de indígenas. Os companheiros nada puderam fazer, não havia um que não estivesse ferido ou doente. Perante a impotência em socorrer o capitão, voltaram para as naus.

As Molucas. Regresso a Sevilha.

Não pôde regressar a Espanha pelo Cabo da Boa Esperança, a expedição continuou até às Molucas. Só uma nau,“Victória”, comandada por Sebastião del Cano, conseguiu voltar a Sevilha. O valor da sua carga excedeu, em muito, o custo de toda a armada.
Não houve vida mais terrível que a de Magalhães: combates, navegações longínquas, fugas, processos, naufrágios, assassínio frustrado, a morte às mãos dos bárbaros.
Deu a volta ao mundo, o que ninguém antes dele havia tentado.

Duas provas da naturalidade de Fernão de Magalhães:

1 - Existe um testamento feito pelo próprio, em Belém, num tabelião, a 17 de Dezembro
de 1504, antes da ida para a Índia com o vice-rei D. Francisco de Almeida. Nele diz que os seus únicos herdeiros eram a sua irmã, o marido e o filho destes, Luís Silva Telles.
Declara os bens: um vínculo, na casa da Pereira, de Sabrosa, comarca de Vila Real, e a sua quinta do Souto, junto desta vila e sobranceira ao Vale da Porca, com o encargo de 20 missas anuais, na igreja matriz de Sabrosa.
2 – Outro documento é um testamento feito por Francisco Silva Telles, filho de Luís Silva Telles, que declara estar com receio da ira do rei de Portugal, contra a sua família ( o monarca mandou picar o brasão da casa de Magalhães) e diz não querer que os seus descendentes, herdeiros da Casa da Pereira em Sabrosa, voltem a pôr armas ou outro brasão. Que fiquem para sempre rasas, as ditas armas, como estavam no momento, devido ao delito do seu tio, Fernão de Magalhães, se ter passado para Castela e desco-
berto novas terras , onde morreu. Diz ainda que as armas foram picadas no tempo da sua avó, D. Teresa de Magalhães, que por motivo de vergonha se mudou para o Maranhão onde fez o testamento, a 3 de Abril de 1580.


Sabe-se que quando os descendentes deste Francisco Silva Telles regressaram do Brasil foram viver para Fafe, não querendo habitar a casa da Pereira em Sabrosa. A vergonha de pertencer a uma família ingrata para o rei fê-los optar por ir viver para o Minho. Algum tempo depois a Casa da Pereira saiu do ramo familiar, por venda.
Esteve esta casa muito tempo desabitada o que provocou a sua ruína.
Na época da sua reconstrução a pedra com as armas picadas foi apeada. Servem hoje de cunhal num ângulo da casa, junto a uma varanda.

Prof. Martinho Matos


Bibliografia:

Freitas, Manuel Alcino Martins- Fernão de Magalhães, Min. Transmontana. Vila Real, 1980
Dicionário de História de Portugal - dirigido por Joel Serrão, vol. IV, Liv
raria Figueirinhas, Porto, 1984




----------------



Ex-Líbris de homenagem ao grande navegador Fernão de Magalhães (c. 1480-1521), desenhado, em 1985, pelo Prof. Béla Albert Petry (1902-1996), artista de origem Húngara, radicado nos E.U.A., para Dom Telmo de Bragança (1925-1985):


Sem comentários: